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RELATOS DE UM AVENTUREIRO

Posted by iptvweb01 ~ segunda-feira, 23 de janeiro de 2012


FORDLÂNDIA – PARÁ

em 15 Agosto 2011. Postado em Colunas - Crônicas do Olhar


Eu ouvi falar de “Fordlândia” pela primeira vez numa história contada por um velho índio. Ele me disse ter vivido nesse lugar quando era jovem. Era o mês de dezembro de 1983 e eu estava na cidade de Santarém/PA.
A minha curiosidade natural aliada ao meu espírito aventureiro falaram mais altos e ai eu decidi mudar o rumo de minha viagem (eu estava navegando tinha quase duas semanas pelo rio Amazonas, desde a cidade de Iquitos, no Peru, já havia passado em Manaus e seguia rumo à Belém do Pará, mas quando o barco em que viajava aportou em Santarém eu resolvi desembarcar e ficar alguns dias para conhecer essa cidade de bela arquitetura colonial portuguesa e foi quando eu conheci o velho índio que me falou de “Fordlândia”).
Depois de uns dias explorando Santarém e seus atrativos naturais mais próximos, eu comprei mantimentos, velas, linha e anzóis, pilhas pra lanterna e pro rádio (um rádio é essencial pra quem gosta de viajar sozinho) e água potável. Ai eu tomei um barco, armei minha rede e zarpei rumo a Fordlândia, que está localizada há dias de navegação subindo pelo rio Tapajós. Um poderoso rio que nasce nas fronteiras dos estados do Amazonas, do Pará e de Mato Grosso e que tem dois mil e duzentos quilômetros de extensão (em alguns de seus trechos o rio chega a ter incríveis quatorze quilômetros entre as suas margens) até se encontrar com as águas do rio Amazonas, exatamente em Santarém.
A história de Fordlândia é mais ou menos assim: Em 1927, o empresário americano Henry Ford usou de sua criatividade para se ver livre do grande obstáculo que surgiu para o desenvolvimento de sua indústria automobilística, na época a maior dos Estados Unidos. Quanto mais se expandiam suas fábricas, mais cara e difícil ficava a borracha para a confecção dos pneus. Os ingleses mantinham em suas colônias na Malásia e no Ceilão o monopólio da borracha.
Ford mandou técnicos pelo mundo afora, afim de que buscassem um local onde pudesse implantar o maior dos seringais cultivados que fosse capaz de suprir as necessidades de suas indústrias automobilísticas. A conclusão final dos técnicos foi que o melhor lugar seria no Vale do Tapajós, na Amazônia Brasileira.
Depois de firmar contrato com o governo brasileiro, Henry Ford criou a Companhia Ford Industrial do Brasil, com sede em Belém do Pará e despachou dos Estados Unidos dois navios que aportaram às margens do rio Tapajós em dezembro de 1928 carregados de toda a infra-estrutura de uma fábrica de beneficiamento de borracha, de uma pequena cidade com vilas ao estilo americano, de um hospital e de escolas. Nascia a “cidade-sonho” de Ford, assombrando a Amazônia que nunca vira nada igual. À força do trabalho misturava de executivos e técnicos americanos a caboclos e aventureiros de todas as partes do mundo.
Todos os trabalhadores tinham direitos sem precedentes na região: moradia boa em casas teladas e gratuitas, luz elétrica, água encanada, telefones comunitários, escolas onde o material didático era doado, cinema, áreas de lazer, salão de danças, refeitórios, fábrica de gelo, hortas coletivas e creches.
Funcionou ainda no lugar a maior serraria da América Latina e o mais bem equipado hospital do Estado do Pará, com profissionais brasileiros e médicos americanos formando uma equipe sem concorrência na região.
No auge de Fordlândia, mais de dez mil pessoas circulavam em suas ruas e o seu comércio era tão rico e intenso que até as “Casas Pernambucanas” mantinha no lugar uma filial pra vender as “últimas novidades da capital” aos moradores daquele “fim de mundo” no meio da selva...
Uma praga dizimou o seringal de Fordlândia e um novo seringal foi plantado rio abaixo, numa região conhecida como Belterra, distante setenta quilômetros de Santarém. Com esse seringal, que viria a ser o maior do mundo com mais de 3, 2 milhões de seringueiras, nasceria uma nova vila em padrão americano.
Mas uma nova praga também dizimou esta plantação e após17 anos de presença pioneira no Vale do Tapajós, a Ford Motor Co., amargando um prejuízo de 100 milhões de dólares (em valores atualizados) acabou por desistir do empreendimento de seu fundador. Aquela altura a borracha sintética já substituía, em parte, o produto natural, e também terminara a Segunda Guerra Mundial e o parque da indústria norte-americana se recompunha a serviço da paz.
Pra mim, conhecer o que restou da antiga Fordlândia, foi vivenciar mais um ousado capítulo da fantástica história desse nosso país. Porém, também foi muito desgastante por causa do excesso de “carapanãs” (muriçocas do tamanho “dum dedo fura-bolo”... Infernais!), da úmida opressão da floresta, e também pelo abandono e sujeira do local. A sensação que eu tinha é que até os fantasmas rejeitavam “vagar” por ali...
Digo isso por que nenhum fantasma apareceu nas três solitárias noites em que dormi (uma delas foi à noite de natal de 1983) no galpão da foto acima. Eu tinha que aguardar a passagem de um barco que estivesse indo para Santarém que, fora avião, é o único meio de chegar ou sair de lá. À época moravam na vila de Fordlândia, umas duas dúzias de famílias que viviam da renda dos velhos aposentados pelo Ministério da Agricultura, que assumiu o lugar após a saída dos americanos de solo brasileiro.
Os mais idosos, em conversas comigo na “venda” (mercearia, bodega...) da vila, sempre que me contavam as histórias de Fordlândia, esperançosos diziam que ainda veriam a volta dos “bons tempos dos americanos”...
É! Os velhos realmente tinham razão... Posso afirmar, depois dos três dias e noites em que explorei o lugar, que realmente foi bem melhor o tempo em que os americanos fizeram daquele esquecido “fim de mundo” um bom lugar pra se viver...
 MATÉRIA REPRODUZIDA NA INTEGRA (WWW.TV CRIATIVA.COM)

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