Revoltados atacam delegacia
Mais de 200 moradores de Santa Maria do Pará tentaram invadir prédio para linchar preso acusado de vários estupros no município. O suspeito, entretanto, já havia sido levado para outro município.
CASTANHAL
Do correspondente
Os polícias Civil e Militar estão mobilizadas desde o final da tarde de ontem para tentar identificar e prender boa parte das pessoas que depredaram, na manhã e parte da tarde de ontem, a Delegacia de Santa Maria do Pará. A revolta popular teve início quando um homem acusado de ter estuprado mulheres que residem em bairros periféricos daquela cidade do nordeste paraense foi preso. Pedras tiradas do meio da rua e atiradas contra o prédio da delegacia destruíram janelas, móveis e computadores. O delegado Marco Antônio Farias, o investigador Paulo Cesar, e o escrivão Max Belo, todos da Polícia Civil, ficaram acuados dentro do prédio pela turba descontrolada. Dez presos, a maioria trancafiada por roubo, estava nas celas da delegacia, e passaram a temer por suas vidas, achando que eram eles os alvos da revolta. Um carro que fora apreendido desde fevereiro deste ano, por adulteração do chassi, foi arrastado para defronte da delegacia e queimado pela turba ensandecida.
A depredação durou cerca de duas horas, com início por volta das 11h. Meia hora antes, um grupo de pessoas avisou na delegacia que havia prendido um homem acusado de ter estuprado as mulheres, dentre elas uma mãe e sua filha, no bairro Barrolândia. Para o local seguiram uma equipe da Polícia Militar e o investigador Paulo César, que trabalha na Delegacia de São Miguel do Guamá, mas estava ajudando nas investigações para prender o estuprador.
ENGODO
No momento em que Paulo teve nas mãos o acusado, e tentou leva-lo para a delegacia, ele percebeu que dezenas de pessoas, em carros e motos e até andando, também se dirigiam para a delegacia. Foi quando ele decidiu seguir direto para São Miguel do Guamá, sem que aquelas pessoas notassem a mudança de rota.
Quando isso foi percebido, as pessoas revoltadas resolveram interditar a rodovia Belém-Brasília, mas meia hora depois todos decidiram tomar outra atitude. Ao chegar defronte à Delegacia de Santa Maria, essas pessoas exigiram que o acusado fosse entregue e eles. Mas como ele não estava no local, teve o ataque foi inevitável. Pedras enormes foram retiradas do meio da rua e atiradas na fachada do prédio. Muitas delas atravessaram vidraças e destruíram equipamentos de uso dos policiais, como computadores, mesas, cadeiras e divisórias.
Pneus foram queimados defronte ao prédio, o que dificultou a identificação dos que estavam lançando as pedras contra o patrimônio público. O escrivão Max calcula que pelo menos 200 pessoas participaram do quebra-quebra. Um Renault Clio apreendido foi incendiado. Somente com a chegada de reforço policial vindo de Castanhal e São Miguel do Guamá, a multidão se dispersou. Muitos deles foram identificados pelos policiais e por pessoas que estavam assistindo ao desenrolar do quebra-quebra.
Para os policiais que comandavam as investigações, a ação popular "foi um ato de puro vandalismo, e que pode ter tido conotações políticas, por causa desse clima eleitoral que toma conta de todas as cidades do interior paraense". Um adolescente foi detido. Ele é acusado de jogar uma pedra no investigador Paulo César. Francisco Bento da Silva Júnior, de 26 anos, foi identificado como sendo um dos que incitavam os baderneiros a continuar com a depredação. "Eu ia passando pela rua quando o tumulto começou. Fui preso porque juntei do chão um pedaço (cápsula) de uma bala", tentou explicar Bento.Fonte ( http://www.orm.com.br/oliberal/)
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