Bando invade velório de "Pike", morto em tiroteio com PM, e abre fogo. grupo procurava o irmão do assaltante.
Dois jovens foram executados dentro de um centro comunitário localizado na rua Argos, em Val-de-Cães, no início da madrugada de ontem. Flávio dos Santos Miranda Júnior, de 18 anos, e Elliot Alves Pereira, de 17 anos, foram atingidos por diversos tiros quando participavam do velório de Anderson Tavares, o "Pike", morto no último sábado, 13, após trocar tiros com o sargento PM Josenilson Silva Pinto, que também veio a falecer na manhã de domingo, 14. Segundo testemunhas, os dois jovens se encontravam no velório quando foram surpreendidos por quatro homens armados que invadiram o centro comunitário.
Os desconhecidos perguntaram pelo irmão de Pike e em seguida passaram a atirar contra as pessoas que estavam no local. Flávio e Elliot ficaram gravemente feridos e foram levados ao Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), onde morreram pouco depois de dar entrada. Uma terceira pessoa ferida foi levada para um hospital particular e em seguida liberada.
Quem testemunhou a ação dos executores descreveu a execução sumária como uma cena de filme de terror. "Foi algo terrível, pois eles atiravam sem se importar se acertariam inocentes. A correria foi total dentro do centro e algumas pessoas tentaram pular por cima do muro do banheiro. Uma grávida ficou de joelhos diante dos criminosos, enquanto as pessoas corriam em desespero.
Depois que os quatro homens deixaram o centro, percebemos que três jovens estavam feridos no chão. Vimos o sangue espalhado pelo chão e as marcas de bala na parede. Foi uma execução, pois quando foram socorridos já estavam praticamente mortos", contou uma moradora da área, que não quis se identificar.
MORADOR DIZ QUE QUARTETO QUERIA VINGANÇA
Elizabeth Souza, tia de Elliot não se conformava com a morte do sobrinho. "Era um menino tão prestativo que tinha planos para o futuro. Apesar de novo, ele planejava o ingresso no serviço militar e tentava uma vaga no programa 'Menor Aprendiz'. Não bebia e não fumava e a diversão dele era os ensaios do grupo de quadrilha que participava. Não merecia morrer dessa forma só por que era vizinho do rapaz que estava sendo velado.
Agora não sabemos nem onde velar os corpos, pois já ouvimos comentários de que irão invadir novamente a cerimônia", comentou a tia da vítima. Ao retornar ao local do crime, a dona de casa Lindalva Alves, mãe de Elliot, se desesperou. "Foi aqui nesse salão deste centro comunitário que meu filho caiu ferido. Era um menino obediente e cheio de sonhos. Se a justiça realmente existe, esse crime não ficará impune", disse a mãe.
Um morador da rua que não quis se identificar disse que o crime está relacionado com a morte do sargento PM Josenilson, morto no último final de semana. "Tenho quase certeza que os criminosos entraram no velório para vingar o PM", disse o morador. Com medo de represália, a família de "Pike" abandonou a casa durante a madrugada.
Medo - Flávio e Elliot foram velados durante toda a noite, em locais separados. Na casa de Elliot, no bairro da Maracangalha, os familiares ainda estavam em choque após todo o ocorrido. "Estamos assustados, sobressaltados. Já vimos carros suspeitos rondando a área, e cada vez que ouvimos barulho de moto, nos escondemos.
É uma situação aterrorizante", afirmou Joelma, tia do adolescente. Marilene Valente, presidente do Centro Comunitário onde ocorreu os baleamentos e tia de Elliot, pediu justiça. "Queremos que a justiça seja feita, pois os dois garotos eram pessoas de bem", afirmou. De acordo com ela, familiares e amigos do adolescente farão hoje um manifesto no bairro, pedindo justiça e paz.
Vítimas não tinham envolvimento com o crime, dizem vizinhos
O crime está sendo investigado por policiais da seccional da Sacramenta, onde as mortes estão registradas. Até o início da tarde de ontem, a polícia ainda não tinha informações sobre o paradeiro dos quatro acusados. O assassinato dos jovens revoltou a comunidade do bairro, que durante toda a manhã de ontem buscava respostas para a execução das vítimas.
"Esses dois rapazes eram pessoas de bem e morreram de graça pelo simples fatos de estarem no velório do 'Pike'. Não tinha motivos para ninguém matar esses dois meninos que foram nascidos e criados nesta comunidade", disse, revoltado, um morador da passagem 15 de Novembro, onde as vítimas residiam. Ele não quis se identificar.
Visivelmente abalados, familiares das vítimas não escondiam a revolta com a morte trágica dos jovens. "Pode percorrer o bairro de ponta a ponta que não vai encontrar ninguém que fale mal de nenhum dos dois. Eram meninos corretos e que nunca se envolveram em nada de errado. Estavam no velório porque o Anderson residia na mesma rua que eles, mas isso não significa que estejam envolvidos na morte do sargento", contou Suellen dos Santos, prima de Flávio.
A mãe de Flávio, a dona de casa Josilene Vieira da Silva Correa, teve que ser amparada por parentes.
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