Achei! Landu, chamado de 'Seedorf Paraense', relembra causos bizarros
Somente agora, com 35 anos, a maturidade parece ter se tornado companheira de Landu. Será? O atacante tem se destacado tanto pela experiência que ganhou o apelido – obviamente, guardadas as devidas proporções – de Seedorf Paraense pelos torcedores do Izabelense, seu último clube antes do Castanhal, equipe atual, que disputa a Primeira Fase do Paraense 2014. Mas há quem não saiba que o ex-jogador do Remo, Vasco e Santa Cruz já protagonizou causos bizarros dentro e fora dos campos.
– Esse lance de Seedorf talvez seja pelos cabelos brancos ou pela experiência, pois o Seedorf verdadeiro está em outro nível, jogou em grandes clubes do futebol mundial e o Landu aqui, quem sabe, não consegue pegar a sombra dele – brincou o jogador.
Landu foi capaz, por exemplo, de trocar o velho “sim” diante do padre, da noiva e dos convidados por um jargão do futebol. Comemorou gols imitando mascotes de clubes, homenageou animal de estimação de um político ilustre e chegou ao extremo quando, literalmente, chutou o material de trabalho de um fotógrafo no gramado do Estádio Olímpico do Pará, o Mangueirão. Além disso, o jogador é famoso por usar frases feitas, algo do tipo: “Landu é igual a vinho, quanto mais velho, melhor”.
– No lance da mochila, foi engraçado, realmente. Eu não tinha marcado gol contra o Paysandu, e a torcida deles (do Papão) tirava graça comigo por conta disso. Daí, na véspera da partida, eu tinha sonhado que fazia um gol, mas não que comemoria daquele jeito. Saiu do nada. Foi um momento de explosão. Estava sem noção. Vi a mochila e pensei que fosse uma bola preta. Agora, no casamento, eu estava muito nervoso. A dona Roberta (então noiva) estava demorando demais. Daí, quando o padre perguntou se eu aceitava, eu respondi "com certeza" duas vezes. Fiquei com muita vergonha. Já se foram seis anos. Ela foi a única que conseguiu dar jeito no Landu – relembrou.
Sobre o episódio envolvendo o cachorro da ex-governadora do Pará Ana Julia Carepa, que colocou o nome do bicho de "Landuzinho", o atacante disse ter ficado emocionado com a homenagem. Então, prometeu comemoração especial caso marcasse durante um outro clássico contra o Paysandu. Os deuses da bola deram "amém", o gol saiu, e o resultado acabou estampado em jornais pelo inusitado (veja foto abaixo).
– Eu tinha conversado com a filha da governadora e ela me revelou o nome do animal. Prometi que se fizesse um gol ia comemorar à altura da homenagem e consegui. Marquei e corri para a bandeira do escanteio. Foi quando resolvi imitar um cachorro fazendo 'xixi'. Acabou sendo mais uma vez o acontecimento. Mas o Landu é isso mesmo. É alegria, é diversão e tudo mais para deixar o futebol mais alegre. Também aprontei no Santa Cruz, quando fiz um gol que ajudou na conquista do título contra o Sport e imitei a cobra-coral (mascote do clube pernambucano) – explicou.
Mágoa com Antônio Lopes
A carreira profissional começou tarde, somente aos 26 anos, no Ananindeua. Depois Landu passou por Tuna Luso e Abaeté até ser descoberto pelo Remo. No Leão foram dois anos, os mais felizes, segundo o jogador. Lá, conquistou a Série C do Brasileiro, em 2005, e acabou se transferindo para o Itumbiara, onde ajudou o time goiano a conquistar o estadual em cima do Goiás dentro do Serra Dourada e com direito a gol dele. Inesquecível para um paraense que não tinha qualquer perspectiva.
– Eu nunca imaginei que tinha futuro no futebol, até porque fui descoberto tarde, mas fui muito feliz no Remo. Meu melhor momento. Acabei indo para o Itumbiara, fiz um grande estadual e chamei a atenção do Vasco, mas quando cheguei lá o Antônio Lopes (então técnico cruzmaltino) me sacaneou. Não sei se ele não gostava de jogador do Norte, mas ele não me colocava para jogar. Fiz um jogo apenas, contra o Grêmio. Também reconheço que não era fácil conseguir muita coisa lá. Tinha Edmundo, Leandro Amaral e Alan Kardec no elenco.
Outra história curiosa lembrada por Landu aconteceu em seu desembarque no Rio de Janeiro, antes da apresentação em São Januário. Segundo ele, a imprensa teria divulgado que o Vasco havia ganhado um companheiro à altura de Edmundo. A amizade com o ex-artilheiro do Gigante da Colina acabou acontecendo e, de fato, os próprios novos amigos diziam que a parceria tinha tudo para não dar certo.
– Ganhei no Vasco meu melhor salário: R$ 20 mil. Mas foi decepcionante por não ter jogado. Mas lá eu conheci o Edmundo. Uma pessoa legal, que gostava de mim. Uma vez ele até brincou comigo e disse que o Vasco não ia dar certo com Edmundo e Landu, pois éramos dois "doidos". Ele tinha razão. Eu não fiquei no clube. E o Vasco acabou caindo para a segunda divisão.
Dificuldade financeira
Muita brincadeira e pouco dinheiro no bolso. Sem qualquer receio ou vergonha, Landu afirma que não conseguiu fazer seu "pé de meia" ao longo da carreira. Por outro lado, se orgulha ao dizer que seus três filhos biológicos nunca passaram qualquer dificuldade, apesar do aperto financeiro que o jogador enfrenta atualmente. O motivo? Ele explica que nunca teve um amigo para lhe mostrar os caminhos corretos para garantir um futuro melhor no fim da vida.
– Na realidade, eu comecei tarde no futebol, com 26 anos. Além disso, minha vida sempre foi conturbada. Nunca tive ninguém para me orientar, por isso não consegui guardar dinheiro. Vivo como dá. Tenho casa própria, estou sem carro e meus filhos nunca passaram necessidade. O Landu não ficou rico, não. Minha esposa tem uma lojinha e eu vivo só do futebol. Ainda estou buscando uma condição melhor, pois sei que ainda jogo em alto nível. Queria poder voltar ao Remo e ao Santa – revelou o atacante que aguarda por decisões judiciais para ganhar um "extra" na Justiça do Trabalho.
Globo Esporte
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