Governador promete atender índios
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Depois de incendiar o Destacamento da Polícia Militar do município de Jacareacanga, no sudoeste paraense, e fazer reféns representantes do Estado, os índios da etnia Mundurucu foram recebidos pelo governador Simão Jatene (PSDB), em Belém, na tarde de ontem. Em reunião que ocorreu de portas fechadas, o governador se comprometeu a atender a uma lista de reivindicações apresentadas pelos índios, como a construção de uma unidade integrada de polícia - a ser iniciada em 15 dias - e fomento aos ensinos médio e superior dos Mundurucus. Os protestos dos índios foram motivados pelo latrocínio - roubo seguido de morte - de um membro da etnia. Após a reunião, o cacique Waldemiro Mundurucu, um dos oito indígenas presentes, se considerava satisfeito, mas não descartou "o clima de tensão" no município. O governador disse que a reunião não tratou de um possível indiciamento dos indígenas por depredação do patrimônio público.
Os Mundurucus vieram para Belém custeados pelo governo do Estado. Depois de atraso por conta do mal tempo, o voo de Jacareacanga para Belém partiu às 11h, chegando à capital paraense por volta das 17h. No Comando Geral da Polícia Militar, local da reunião, o governador fez questão de receber os Mundurucus, cumprimentando um por um. Na sede da PM, os indígenas receberam a cortesia de turistas recém-chegados ao Pará, sendo saudados com carimbó, entoado pela banda da PM. Cerca de três horas depois, os índios selaram acordos com o governador, mas fizeram questão de ressaltar que aguardarão a materialização das promessas estatais. "Eu não posso dizer que já acabou a tensão. Estamos tentando fazer com que a família da vítima admita a Justiça, e não vingança com as próprias mãos. Estamos orientando essas famílias", disse o cacique Waldeliro Mundurucu.
A ação radical dos índios em Jacareacanga, para eles, tem justificativa. Segundo os Mundurucu, a morte de Lelo Mundurucu, no dia 1º de julho, "não foi a primeira nem a segunda", nas palavras do cacique Waldeliro. Eles denunciaram o clima de violência constante na região, que afeta também os indígenas. "Nós tomamos essa atitude porque esse foi o sétimo assassinato de membros da etnia. Esperamos uma providência cabível e não tivemos resposta da prisão desses assassinos", contextualizou o cacique. "Essa última morte comoveu toda a população indígena. O crime bárbaro fez com que a gente tomasse essa atitude extrema para chamar a atenção das autoridades".
O governador reconheceu o clima de insegurança de Jacareacanga, considerando que "a questão da violência não é localizada ou particular do Estado, mas sim geral". E, neste caso, disse Simão Jatene, "pode assumir um caráter muito mais dramático por haver um conflito entre culturas diferentes". O governador anunciou os projetos a serem iniciados em Jacareacanga que, até então, não possuía delegacia de Polícia Civil. "Nossa conversa extrapolou a segurança. Os indígenas fizeram relatos da saúde, que não é da competência do governo estadual, mas nos dispusemos a ajudar. Podemos criar programa com bolsa para facilitar o acesso à faculdade. E, também, quanto à preocupação central, que é de acompanhar o crime". Jatene também disse que a implantação de uma Unidade Integrada Pró-Paz (UIPP) - a exemplo do bairro da Terra Firme - está sendo considerada.Fonte ( http://www.orm.com.br/oliberal/)
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