Sítio é liberado e trabalho é retomado em Belo Monte
Altamira PA - Após quatro dias de paralisação, o trabalho no canteiro de obras do sítio de Belo Monte foi retomado nesta sexta-feira (31). Operários foram convocados a voltarem ao local da construção da usina, em Vitória do Xingu, sudoeste do Pará, após o acordo entre indígenas e o representante do governo federal, que esteve no sítio na quinta-feira (30) para negociar com o grupo de manifestantes. No encontro, foi agendada uma reunião em Brasília para o dia 4 de junho. Esta foi a condição sob a qual os indígenas aceitaram liberar o acesso ao sítio, que estava bloqueado desde a última segunda-feira (27), quando começou a ocupação no local.
Segundo o CCBM, consórcio construtor da usina, a expectativa é que durante o turno da tarde desta sexta (31), mais trabalhadores cheguem de Altamira para retomar a obra. "Estamos intensificando anúncios no rádio e na televisão para os operários. Esperamos que no sábado (1º), estejamos com 100% dos trabalhadores no canteiro", informou o assessor de comunicação do CCBM, Fernando Santana.
Os indígenas continuam acampados no canteiro de obras. De acordo com o CCBM, eles foram alojados em dois blocos do escritório central do sítio, onde devem permanecer até 4 de junho, dia em que irão para Brasília para participar de uma reunião com o ministro Gilberto Carvalho.
Os índios aceitaram viajar para Brasília com a condição de que todos os manifestantes, incluindo crianças, mulheres e idosos, pudessem participar. “O governo tem que respeitar. Se o governo não aceitar nosso pedido, a gente vai voltar e acampar de novo, porque nós queremos ouvir o governo”, garante o líder indígena Kandiru Aru.
Na última quinta-feira (30), Nilton Tubino, representante do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência da República, esteve com os indígenas para negociar a desocupação do canteiro de obras. O governo cedeu ao pedido dos manifestantes. “Eu acho que foi proveitoso. Esse processo da negociação geralmente é longo. Foi positivo, porque nesse momento, a gente não precisa cumprir a decisão judicial, que seria o uso da força, já que eles não aceitaram sair pacificamente ontem. Não era mesmo a intenção do governo usar a força. O diálogo serviu para esse objetivo de encontrar uma saída”, esclarece Tubino.
Homens da Força Nacional, Polícia Rodoviária Federal e Rotam permanecem fazendo a segurança no sítio. De acordo com o CCBM, a ordem judicial ainda é a de reintegração de posse. "A decisão judicial é a de reintegração de posse. Mas como os índios, pelo segundo dia consecutivo, desobedecem a ordem de desocupação, a força policial permanecerá até que os manifestantes saiam do canteiro", informou Fernando Santana.
Segundo o Xingu Vivo, o advogado de defesa das lideranças indígenas, Adelar Cupsinski, iria se reunir nesta sexta-feira (31) com o juiz federal Sérgio Wolney de Oliveira Guedes, que determinou a desocupação do sítio Belo Monte, para que fosse revisada a decisão e suspensa a ordem de reintegração de posse, afim de que a força policial fosse dispersada do local.
De acordo com a Justiça Federal de Altamira, no entanto, nenhum novo recurso foi informado e a ordem de reintegração permanece.
Na decisão, o juiz federal determinou que os índios deixassem o sítio até às 17h do último dia 28. Como a decisão não foi cumprida, o juiz autorizou que um mandado de reintegração de posse fosse expedido e que um oficial de Justiça tomasse as medidas necessárias para que a área seja devolvida à empresa, empregando, se necessário, a força policial. A decisão prevê ainda multa diária de R$ 50 mil, a serem pagos pelos participantes da ocupação e pela Funai, em caso de descumprimento.
Entenda o caso
Cerca de 150 indígenas de várias etnias voltaram a ocupar, na madrugada da última segunda-feira (27), o principal canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte, em Vitória do Xingu, na região sudoeste do Pará. Eles ocuparam o sítio Belo Monte no último dia 2 de maio e permaneceram no local durante 8 dias. O grupo reivindica a consulta prévia dos impactos ambientais que serão provocados pela construção do empreendimento.
Na terça-feira (28), a Justiça Federal de Altamira determinou o prazo de 24h para que o grupo de manifestantes deixasse o local de forma pacífica. A defesa indígena pediu a revisão da ordem, mas teve o pedido negado pelo juiz federal Sérgio Wolney de Oliveira Guedes, que manteve o prazo para a desocupação, expirado às 17h da quarta-feira (29). No entanto, os índios permanecem no canteiro de obras.
Com o descumprimento da ordem judicial, a decisão da justiça autoriza o uso da força policial para garantir a saída dos manifestantes da área.
Fonte: G1 PA
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