Assad ainda tem 'enorme' arsenal químico na Síria, dizem EUA
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, disse nesta sexta-feira (6) que o presidente da Síria, Bashar al-Assad, praticamente não gastou seu estoque de armas químicas em um suposto ataque na periferia de Damasco no mês passado.
"Avaliamos que, apesar de Assad ter usado mais armas químicas em 21 de agosto do que antes, ele praticamente não tocou em seu enorme arsenal", disse Power em um centro de estudos em Washington.
Power discursou para tentar justificar o ataque americano limitado à Síria, planejado pelo governo do presidente Barack Obama.
Ela voltou a criticar a posição russa na questão, de defender o aliado Assad, e afirmou que é "ingênuo" acreditar que Moscou vá mudar sua posição, contrária ao ataque.
Um ataque militar dos Estados Unidos deve ter o objetivo de interromper a campanha do governo de Assad, que Powel definiu como sendo de "matar até a vitória".
"Essa operação, combinada com os esforços em marcha para melhorar a capacidade militar da oposição moderada, deveria reduzir a fé do regime (sírio) de que podem matar até a vitória", afirmou.
Ainda que o ataque possa ser uma resposta ao uso de armas químicas contra civis, Power avaliou que também pode ajudar a trazer Assad para a mesa de negociações para colocar um ponto final em uma guerra que já se arrasta por 30 meses.
Power criticou a paralisia do Conselho de Segurança da ONU em relação à guerra na Síria.
"Nesse caso, o uso de uma força militar limitada pode fortalecer nossa diplomacia e finalizar os esforços da ONU e outros para alcançar uma solução negociada para o conflito", disse.
A embaixadora americana na ONU não ofereceu justificativas legais para um ataque militar contra a Síria, uma das principais objeções que persistem no Congresso, que deve votar se apoia, ou não, essas ações.
"É claro que a Síria constitui uma dessas ocasiões, como Kosovo, onde o Conselho (de Segurança da ONU) está tão paralisado que outros países têm de agir por fora dele, se quiserem evitar as violações da lei e da moral internacional", acrescentou.
O presidente americano Barack Obama busca apoio interno e externo para um ataque ao regime de Assad, acusado de matar mais de 1.400 civis no ataque químico. Ele pediu ao Congresso aval para atacar. O Senado pode votar o tema na próxima quarta-feira (11).
A Rússia, que tem poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, vem barrando a aprovação de uma resolução que daria carta branca para um ataque à Síria.
A reunião de cúpula do G20, encerrada na Rússia nesta sexta-feira, mostrou que a comunidade internacional está dividida em relação ao ataque.
O governo sírio, que enfrenta há quase dois anos e meio uma rebelião que já deixou mais de 110 mil mortos, nega ter usado armas químicas e diz que é alvo de terroristas ligados à Al-Qaeda, que tentam desestabilizar o país.
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